Tecnologias Sociais

on quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Tecnologias Sociais: Ferramentas Estratégicas para a Sustentabilidade

Cecília Arlene Moraes[1][1]

Para dar conta de empreendimentos com sustentabilidade, sob a ótica da Permacultura (design sustentável), a abordagem se insere na relação Ciência, Tecnologia e Sociedade. Diferente da tecnologia convencional, a Tecnologia Social (TS) engendra-se da adaptação sócio-técnica de Dagnino (2004), reflexo de matrizes disciplinares e concepções ideológicas diferentes, com atributos de interdisciplinaridade, pluralidade e efetividade, na perspectiva que a ciência e a tecnologia não são neutras, e é voltada para uma sociedade mais humana, mais justa, com trabalho decente.

Ao pensar tecnologia, imaginam-se as inovações “duras” como máquinas, artefatos, softwares, sementes melhoradas etc. Segundo a Rede de Tecnologia Social (RTS, 2007), as Tecnologias Sociais compreendem produtos, técnicas ou metodologias, reaplicáveis, desenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social, voltadas para ao desenvolvimento social.

A origem seminal da Tecnologia Social (TS) advém da Tecnologia Apropriada (TA), nascida na Índia no final do século XIX, entre 1924 e 1927, quando Gandhi dedicou-se a construir programas com o propósito de popularizar a fiação manual realizado em roca de fiar (Charkha), equipamento tecnologicamente apropriado, foi ponta de lança contra a injustiça social e o sistema de castas que perpetuava na Índia. Esta atitude despertou consciência política, a autodeterminação do povo e a renovação da indústria na Índia. Gandhi enfatizava: “Produção pelas massas, e não produção em massa”.

No Brasil na década de 1960 a mortalidade infantil era altíssima, o soro caseiro foi à tecnologia social concebida pela empreendedora social Dra. Zilda Arns. Causou largo impacto social, essencial no encadeamento do método de saúde, simples na concepção, barata na aplicação e fácil na disseminação, atuando em rede, pela Pastoral da Criança em diversas localidades brasileiras organizadas com alta densidade de informação. Milhares de vidas foram e são salvas.

Em Mato Grosso, segundo o (JN/Globo/Set/2010) há um déficit de 89,23% de saneamento básico e 26,59% da população não tem água tratada. Assim, diariamente toneladas de dejetos são lançadas nos rios, desembocando no pantanal. Os impactos negativos são alarmantes, pela contaminação ambiental, na proliferação de insetos e em especial ao mosquito da dengue. Para isso, há uma solução o Canteiro Bio-Séptico (Fossa de Bananeira), tecnologia social desenvolvida pelo Ecocentro - IPEC, premiada pela Fundação Banco do Brasil em 2009, com o propósito de solucionar o tratamento dos resíduos do esgoto doméstico. Não agride a natureza, não deixa mau cheiro, além de produzir alimentos e preservar os recursos hídricos da região. Com manejo adequado os dejetos humanos podem se transformar em fertilizantes naturais para o solo.

Portanto, as Tecnologias Sociais, são ferramentas estratégicas promotoras de sustentabilidade, de fácil acesso e aplicação, favorece a inclusão social, mantém a identidade cultural, não há pagamento de royalties (direitos autorais), promove a saúde, a integração do ecossistema, dissemina conhecimento, promove a integração da comunidade e a efetiva solução de transformação social. Contempla várias áreas do conhecimento: saúde, habitação, energia, meio ambiente, renda, segurança alimentar, educação, meio ambiente, agricultura familiar, economia solidária, ecologia etc.

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