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APA Ibirapuitã
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sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Quarta-feira, 24 de novembro de 2010
Ibirapuitã – coração do pampa
por Fábio Régio Bento
Domingo, 21 de novembro de 2010. Com dois amigos, saímos do centro de Santana do Livramento em direção à APA (Área de Proteção Ambiental) do Ibirapuitã. Mais de 60 quilômetros de estrada de chão. Mergulhamos na brisa que pairava sobre o tapete verde do pampa. Na metade do caminho, um cardeal de crista erguida cantava bravamente. O sol fazia o vermelho de sua crista ficar mais forte. Corpo azul e branco. As cores da Revolução Francesa anunciando uma manhã de liberdade, igualdade e fraternidade pelo canto valente de um cardeal gaudério, ave maragata do nosso pampa. Lá na frente, uma lebre. Paramos novamente o carro, para admirá-la. Ela baixou as orelhas, ficou imóvel imitando uma pedra. Pensou que tinha nos enganado. Continuamos contemplando a beleza da preservação da natureza, APA, que não serve para a caça, mas para alimentar a alma pela contemplação de tal magnífico ambiente e suas belas criaturas. Continuando, outra lebre, dois jacus, emas e mais emas, várias outras aves. Durante todo o percurso, cavalos crioulos. Cavalos possantes. Animais fortes e delicados, simpáticos, a beleza e a força sobre quatro patas, velozes, esvoaçando crinas longas, amantes da liberdade. Estamos, agora, navegando nas coxilhas do mar verde do pampa, deserto verde, sem sombra, quente no verão e gelado no inverno. Sem sinal de celular. Sem nenhum outro carro além do nosso. É a região onde o homem se faz macho. Ao lado da estrada, uma vaca morta, em estado de decomposição, lembra que o mar verde do pampa, sem sombra, é um teste de coragem para homens e mulheres. Deixa-nos em estado de humildade. O mar verde do pampa assusta e encanta. Ondas do oceano pampeiro, coxilhas de veludo borbulhante. “Será que pegamos a estrada certa? E essa fazenda que não chega...”. Medos, dúvidas misturadas à contemplação de magnífica beleza. Depois, lá embaixo, surge, finalmente, a fazenda centenária, cerca de pedra, árvores. Mais abaixo, próxima à fazenda, uma cinta de verde mais intenso, árvores e mais árvores dobrando-se pelo campo, protegendo um tesouro escondido, dominado pela timidez, receoso de revelar sua beleza. Entramos no coração do pampa e encontramos o tesouro verde esmeralda, protegido por suas amadas árvores. Sua excelência reverendíssima o Rio Ibirapuitã! Beleza forte e frágil, protegido também pelo amor de uma legislação, APA do Ibirapuitã, templo da natureza, verde esmeralda, coração do pampa, alma da nossa alma de gaúchos, brasileiros, sul-americanos. À noite, já em Santana do Livramento, banho tomado, show com Joca Martins, poeta das nossas coisas do sul, continuação falada, musicada, da riqueza pampeira do Ibirapuitã. “Qualquer lugar é querência, se houver cavalo crioulo”. Crinas livres, crioulas, soltas no vento, aquerenciando o coração de homens e mulheres amados pela vastidão verde do pampa, e pelo verde esmeralda de sua excelência, o Ibirapuitã. Cardeal de crista vermelha; lebres; crioulos de crinas livres; coxilhas do mar verde do pampa; solidão e multidão; medo e felicidade; águas cristalinas, sussurrantes... Beleza amada. Beleza contemplada. Beleza que precisa ser preservada.
Fonte:
http://fabioregiobento.blogspot.com/2010/11/ibirapuita-coracao-do-pampa.html
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